O Papa Leo fez um apelo à coexistência e à paz durante o segundo dia de sua visita ao Líbano, reunindo clérigos de diferentes religiões e lados de uma antiga linha de guerra civil, e destacando a importância da unidade em uma região marcada pela violência.
Na segunda-feira, o pontífice esteve na Praça dos Mártires, local que durante a guerra civil de 1975–1990 em Beirute era conhecido como a “linha verde”, dividindo o oeste muçulmano do leste cristão. Leo afirmou que o Líbano demonstra que medo, desconfiança e preconceito não têm a palavra final.
“Em uma época em que a coexistência parece um sonho distante, o povo libanês, apesar de abraçar diferentes religiões, nos lembra que união, reconciliação e paz são possíveis”, disse o papa.
“Que cada sino toque; cada adhan, cada chamado à oração, se fundam em um único e elevado cântico.”
A Praça dos Mártires, que abriga um monumento aos que morreram pela independência do país e foi ponto central de protestos populares por mudanças políticas, simboliza a luta contínua do Líbano contra o sectarismo.
Zeina Khodr, da Al Jazeera, destacou que o local evidencia o contraste entre a imagem de unidade inter-religiosa e a realidade de um país profundamente dividido.
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Anuncie aqui: clique já!“Líderes religiosos unidos sob o mesmo teto parecem falar com uma única voz, mas a realidade é que este é um país fragmentado”, afirmou.
Durante a visita, o pontífice encontrou o presidente libanês Joseph Aoun, único chefe de Estado cristão do mundo árabe, e se dirigiu a diplomatas e autoridades no palácio presidencial. Mais cedo, visitou o túmulo de São Charbel e o santuário de Harissa, onde multidões o receberam com gritos de “Viva il Papa”.
Cerca de 15 mil jovens se reuniram na sede da Igreja Maronita para ouvir o pontífice, que os incentivou a sonhar e praticar o bem:
“Há esperança em vocês, um dom que nós, adultos, parece que perdemos. Vocês têm mais tempo para sonhar, planejar e fazer o bem.”
O Líbano abriga uma das maiores comunidades cristãs do Oriente Médio, cerca de 30% da população, coexistindo com muçulmanos xiitas e sunitas, além de minorias alauítas e drusas. Líderes de todas as principais seitas participaram do encontro inter-religioso, incluindo representantes de comunidades afetadas por violência na Síria vizinha.
O Sheikh Ali al-Khatib, vice-presidente do Conselho Supremo Xiita Islâmico, agradeceu a visita, mas alertou para as feridas profundas deixadas pelos ataques contínuos de Israel, segundo a mídia local.
Apesar da mensagem de unidade, o país permanece inserido em um conflito regional mais amplo. O Hezbollah disparou foguetes contra Israel em outubro de 2023 em solidariedade à Palestina, sendo depois enfraquecido por escaladas israelenses em 2024. Desde um cessar-fogo em novembro de 2024, Israel mantém ataques transfronteiriços que já mataram mais de 300 pessoas, incluindo cerca de 127 civis.
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Comprar um espaço para minha empresa.Khodr afirmou que o papa evitou comentários diretos sobre os combates, mas sua presença é vista como um fator de dissuasão frente às ameaças israelenses, embora preocupações sobre renovação do conflito persistam.
A paralisia política e o colapso econômico do Líbano também marcaram a visita, com décadas de má gestão estatal levando a uma crise financeira em 2019 e milhões mergulhados na pobreza. O país ainda acolhe cerca de um milhão de refugiados sírios e palestinos.
Na terça-feira, Leo visitará o local da explosão do porto de Beirute em 2020, antes de conduzir uma missa à beira-mar na cidade histórica.





